segunda-feira, 6 de abril de 2009

BOLÍVIA: GOVERNO DENUNCIA GOLPE DA OPOSIÇÃO PARA ADIAR ELEIÇÕES

LA PAZ, 6 ABR (ANSA) - O governo da Bolívia denunciou nesta segunda-feira um golpe político organizado pela oposição para impedir a realização das eleições presidenciais marcadas para o dia 6 de dezembro.
Desta forma, La Paz se referiu à campanha promovida por governadores e dirigentes de comitês cívicos para recolher pelo menos 500 mil assinaturas e exigir novas regras eleitorais para o país.
A divergência se dá por causa do novo Código Eleitoral, apresentado pelo governo e que tem sido motivo de intensas discussões no Legislativo, que está dividido quanto a sua aprovação. A Câmara dos Deputados, onde a maioria é governista, já havia dado sinal verdade à medida, mas o Senado, controlado pela oposição, tenta introduzir mudanças no texto.
Os parlamentares oposicionistas contestam uma disposição que poderia alterar a formação do Legislativo, destinando 14 dos 127 assentos disponíveis a candidatos indígenas -- alinhados ao presidente Evo Morales -- provenientes de áreas rurais. Para eles, uma iniciativa como esta violaria a Constituição, já que 60% da população do país vivem nas cidades.
"Não se pode dividir os cidadãos em categorias. Da mesma forma, alguns grupos não podem ser privilegiados para que sejam os únicos a concorrer a certos espaços", disse o presidente do Senado, Oscar Ortiz.
A oposição também contesta o sistema pelo qual votariam bolivianos que vivem foram do país, sob alegação de que é pouco transparente e passível de fraude. O governo, por sua vez, defende o padrão incluído em sua proposta de Código Eleitoral e trabalha por sua ratificação.
Devido ao impasse gerado pelas posições contrárias da Câmara e do Senado, a partir de amanhã o Congresso se reunirá em regime especial, com membros das duas casas, para tratar do assunto. O prazo de 60 dias para aprovar a lei e convocar a votação de dezembro vence amanhã.
O ministro de Autonomias, Carlos Romero, indicou hoje que a oposição estaria orquestrando "um golpe similar ao do ano passado", referindo-se aos violentos protestos ocorridos em setembro de 2008 nos departamentos (estados) do leste e do norte do país. "[Eles] certamente não nos querem no governo", acrescentou.
Ele argumentou ainda que a elaboração de um novo conjunto de regras eleitorais levaria pelo menos um ano meio, o que causaria o adiamento do pleito já marcado.
Reunidos ontem, prefeitos e dirigentes de comitês cívicos ligados à oposição defenderam também uma maior autonomia para a Corte Eleitoral. Em resposta, o presidente da entidade, José Luís Exeni, afirmou que a questão ligada ao padrão eleitoral está sendo usada com motivações políticas. (ANSA)
06/04/2009 17:19

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