quinta-feira, 26 de março de 2009

Brasil perde quase 450 mil empregos na crise

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de trabalho brasileiro perdeu quase 450 mil vagas entre setembro de 2008, mês de agravamento da crise global, e fevereiro deste ano, alimentando o cenário de que uma estabilidade do emprego deve ficar apenas para o segundo semestre.

Em fevereiro, a taxa de desemprego subiu bem abaixo do esperado pelo mercado, mas alcançou o maior patamar desde abril do ano passado. Nesse cenário, os economistas alertam que ainda é cedo para comemorar, já que o emprego tem uma defasagem em relação à atividade econômica e esta ainda está dando os primeiros passos de melhora após despencar no fim de 2008.

"O cenário não é favorável e não há postos suficientes para a grande demanda", disse Cimar Pereira, economista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE informou nesta quinta-feira que em setembro do ano passado 21,399 milhões de brasileiros estavam ocupados nas 6 maiores regiões metropolitans do país, e que em fevereiro desse ano o contingente encolheu para 20,943 milhões de pessoas.

Em fevereiro, a taxa de desemprego aumentou para 8,5 por cento, ante 8,2 por cento em janeiro e 7,7 por cento em setembro. O número caiu apenas em relação a igual mês de 2008, quando era de 8,7 por cento.

O mercado esperava uma taxa de 9 por cento para fevereiro deste ano, segundo pesquisa da Reuters.

"Sazonalmente é normal ter uma expansão do desemprego em fevereiro sobre janeiro, mas a taxa surpreendeu positivamente... mas no curto prazo a tendência é de alta do desemprego, até meados do ano", afirmou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

"A partir de março e abril a atividade econômica deve começar a mostrar melhora, mas pela defasagem natural, o emprego melhora mais a partir do segundo semestre."

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Simultaneamente à perda de postos, a proporção de desempregados à procura de trabalho aumentou fortemente a partir da intensificação da crise internacional.

De acordo com o IBGE, em setembro de 2008 os desocupados somavam 1,777 milhão de pessoas e em fevereiro esse número aumentou para 1,941 milhão. "O mercado de trabalho não tem mais o mesmo desempenho a partir da crise. Se o cenário não é favorável isso bate direto nesse mercado", avaliou Pereira, do

IBGE.

Entre janeiro para fevereiro, a população desocupada subiu 2,7 por cento, o equivalente a mais 51 mil pessoas desempregadas procurando trabalho nas seis regiões.

O emprego na indústria foi o mais afetado pelos efeitos negativos da crise global, com queda recorde de 3,2 por cento.

O IBGE informou ainda que o rendimento do trabalhador entre janeiro e fevereiro caiu 0,1 por cento, mas subiu 4,6 por cento ante fevereiro de 2008, para 1.321,30 reais.

"De janeiro para fevereiro sempre cai e dessa vez houve uma forte redução na ocupação", disse Cimar. "O crescimento de 4,6 (por cento anula) se deve à inflação mais baixa esse ano e à base de comparação mais fraca."

(Reportagem adicional de Vanessa Stelzer)

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