Acusado de tráfico de drogas foi localizado enforcado em uma cela poucas horas após ter sido preso
Daniela do Canto e Ricardo Valota, para o Estadão.
Werther Santana/AE
Manifestantes ergueram uma barricada e enfrentaram os policiais com coquetéis molotov
SÃO PAULO - Moradores da comunidade Vila Reis, na zona leste de São Paulo, realizaram um protesto violento na madrugada desta quarta-feira, 27, contra a morte de Sérgio dos Santos, 39 anos, encontrado enforcado em uma cela poucas horas após ter sido preso acusado de tráfico de drogas.
Os cerca de 150 manifestantes ergueram uma barricada com uma caçamba de lixo e entulho na esquina da Avenida Maria Santana com a Rua Tarauacá e lançaram coquetéis molotov contra os policiais. Um ônibus foi queimado e outros cinco depredados. O protesto terminou às 2h30 da manhã, com a chegada da Tropa de Choque, que dispersou os moradores.
Santos, conhecido como “Sapinho”, foi preso na porta de casa no final da tarde da terça-feira, 26. Segundo a PM, ele levava 26 pinos de cocaína e R$ 270. Santos foi levado a uma cela no 63º Distrito Policial, na Vila Jacuí, e foi encontrado morto por volta das 20 horas, enforcado com o cadarço do próprio sapato. Ele era casado e tinha um filho de 10 anos.
A polícia diz que Santos teria cometido suicídio, mas os familiares e moradores da comunidade não acreditaram na versão e começaram a protestar. Por volta da meia-noite, os manifestantes atearam fogo em um ônibus da Viação Vip Transportes estacionado no ponto final, na Avenida Maria Santana.
Testemunhas contaram que dois adultos em uma moto e um grupo de adolescentes a pé abordaram o cobrador, anunciaram um assalto e em seguida atearam fogo no veículo. O cobrador, o motorista e a passageira que estavam dentro do ônibus fugiram. Antes da chegada dos bombeiros, o fogo se alastrou por uma árvore, atingiu a guarita do ponto e uma casa em frente.
“Tive de tirar o carro da garagem com medo de uma explosão”, contou o correspondente bancário Fábio dos Santos, de 23 anos, morador da casa atingida pelo fogo. A parede e a cobertura da garagem foram danificadas. No momento, estavam na residência, além de Fábio, uma tia de 68 anos e dois primos, de 7 e 22 anos. Nenhum deles se feriu. “Agora, ficamos com o prejuízo”, lamentou. Além do ônibus queimado, segundo a São Paulo Transportes (SPTrans), outros cinco foram depredados, mas não houve vítimas em nenhuma das ações.
Barricada
Depois de atear fogo no ônibus, os manifestantes montaram uma barricada na Avenida Maria Santana, com lixo e entulho incendiados, e lançaram coquetéis molotov contra os policiais. Segundo policiais civis, um coquetel molotov também foi lançado contra o 63º DP. O artefato explodiu em um matagal na parte de trás da delegacia sem ferir ninguém.
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